segunda-feira, 20 de abril de 2009

Cada vez que abro o jornal eu leio notícias mais e mais espantosas. A última novidade política é o afastamento definitivo do delegado Protógenes Queiroz. Eu tento contabilizar o saldo da operação Satiagraha.

o juiz, Fausto de Sanctis:
Ordenou a prisão simultânea dos suspeitos integrantes da quadrilha baseado nas provas da operação Satiagraha.
Afastado por espetaculismo e desobediência ao STF.

o delegado, Protógenes Queiroz:
Comandou a operação Satiagraha que desmascarou Daniel Dantas, o ladrão, Naji Nahas, o lavador, e Celso Pitta, o cliente.
Afastado imeditamente após a prisão e soltura de Daniel Dantas, quando constataram que ele sim era o cérebro da operação, e precisava ser detido.
Diante da obviedade do favorecimento a Daniel Dantas (vide os dois indeferimentos de sua prisão), mandou supostamente grampear as ligações do Presidente do STF Gilmar Mendes.
Passou a ser retaliado, profundamente investigado, processado, e agora, definitivamente afastado de qualquer função na corporação, por tempo indeterminado, enquadrado no artigo do regime jurídico da PF que pune agentes que se valem do cargo para 'obter proveito de natureza político partidária para si ou terceiros'.

o diretor, Paulo Lacerda:
Diretor da ABIN, acusado de apoiar Protógenes na investigação com atividades não-autorizadas como grampos, empregando agentes da ABIN na investigação.
Afastado da direção da Agência Brasileira de Inteligência.

o banqueiro, Daniel Dantas:
Mais sujo que pau de galinheiro, foi alvo principal da operação Satiagraha da Polícia Federal, que constatou entre outros crimes, evasão de divisas (Roubo) e lavagem de dinheiro. Na esteira, foram desmascarados o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o cliente, e o lavador de dinheiro, Naji Nahas. Tentou subornar a Polícia Federal.
Está solto. De vez em quando depõe na CPI dos Grampos, já que agora a investigação se virou contra as instituições governamentais e os seus três representantes mais expostos na situação, descritos acima. Em seus depoimentos, procura envolver nomes fortes para garantir os frequentes habeas-corpus e a morosidade da investigação. Como exemplo, foi citado o filho do Presidente da República, o Lulinha.

o presidente do STF, Gilmar Mendes:
Mandou soltar Daniel Dantas cada vez que ele foi preso e se manifestou a favor do afastamento do delegado De Sanctis que insistia em contrariar sua vontade, do delegado Protógenes Queiroz que mandou grampeá-lo, e de Paulo Lacerda, que colaborou. Fornece habeas corpus a Daniel Dantas sempre que este solicita.
Nenhuma alteração. Continua presidente do Superior Tribunal Federal.


Resumindo: os juízes e delegados do caso tornaram-se os novos alvos da investigação. São elementos perigosos que podem causar muito mal à sociedade e por isso foram todos afastados.

Moral da história 1: nunca se meta em barco algum onde não haja gente influente que possa livrar a sua cara, ou filho deles.

Moral da história 2: na próxima vez que você for grampear o seu chefe sujo, comunique-o formalmente por escrito e aguarde sua autorização.

Diante disso, é claro que eu fico me perguntando se realmente nós somos tão idiotas quanto eles nos consideram. A justiça no Brasil pune seletivamente, e o pior, a sacanagem é explícita.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

COLLOR - UM TALENTO NATO

Recentemente assistimos indignados (alguns nem tanto) à posse de nosso memorável ex-presidente da República Fernando Collor de Melo ao cargo de Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. Diante desse ocorrido fiquei particularmente convencida de que a corrupção não tem jeito. Não é uma questão de acomodação ou qualquer outra coisa similar. Seguirei sempre terminantemente contra e disposta a repugnar esse tipo de coisa. Mas infelizmente a verdade é que isso vem dos primórdios e vai sempre existir, porque a causa não mora no sistema político em regimento aqui ou acolá, e sim na natureza humana. Quem sabe se a fada azul tranformasse a humanidade num bando de andorinhas. As andorinhas fazem um bonito revezamento no céu e utilizam a cooperação como princípio de sobrevivência.
Mas voltando ao caso Collor, eu concordo com o talentoso Dr Lair Ribeiro que repetiu exaustivamente "o sucesso não ocorre por acaso". Esse talentoso golpista teve escola em casa. Obviamente eu não sei da missa a metade, mas é fato conhecido que seu pai já o credenciava a ser quem ele foi, e pretende continuar sendo. Afinal, o senhor Arnon Afonso de Melo já havia sido governador do estado do Alagoas, e foi eleito, em seguida, senador da República, em 1958, e logo em 1963 tornou-se o primeiro senador da história do Brasil a ter seu mandato cassado. O motivo foi o assassinato de um colega senador no próprio Plenário do Senado Federal. Na verdade o defunto nem tinha a ver com história, já que o tiro era pra outro senador, seu inimigo número 1. Iniciava-se então a incrível saga política de sucesso de Arnon de Melo. A cassação do mandato foi impulso incial para carreira de político sujo bem sucedido que realizou durante a ditadura.
Voltou ao cenário político já em 1970, nomeado senador nos anos da ditadura militar brasileira. Reeleito em 1978 devido a sua competência com o negócio. Mas veio a falecer em 1983, deixando para trás uma carreira brilhante, herdeiros bem capacitados, e um grande complexo empresarial, a Organização Arnon de Melo, que hoje é a voz, a letra, a conexão e a imagem do estado de Alagoas.
Esse é um breve resumo do background político do senhor Fernando Collor. Temos que admitir que o cara leva jeito para a coisa.
Minha indignação reside no seguinte: pra que é que se estuda história na escola? Cadê o conhecimento que realmente interessa e pode fazer a diferença? Eu não vejo decência no nosso ensino. Tudo bem que em 1990 o sistema educacional ainda estava comprometido pelos anos de chumbo, mas não justifica que a pouca-vergonha perdure até hoje.
Será que podemos esperar que a geração internauta faça uso dessa ferramenta maravilhosa para revolucionar uma sociedade? Não dependamos de sistema educacional para isso!